Quer filhos felizes? Deixe-os brincar na rua

6 September, 2016

Aquilo que todos os pais querem é criar filhos felizes. A receita é fácil e está ao alcance de todos: é deixá-los brincar. Em grandes quantidades e ao ar livre, de preferência.

Recordar a infância é um exercício que nos traz à memória os finais de tarde de brincadeira com os amigos à porta de casa, no recreio da escola ou na quinta dos avós. A rua é sinónimo de liberdade, aventura e felicidade, mas as crianças têm vindo a ser cada vez mais afastadas deste meio que só lhes faz bem.

As vantagens de passar tempo ao ar livre refletem-se a todos os níveis do desenvolvimento, não só físico mas também cognitivo e emocional. A lidar de perto com crianças há mais de 20 anos, a psicomotricista Tatiana Perrone Dolores acentua estas mais-valias: “Com a brincadeira ao ar livre há uma estimulação sensorial direta, pois a criança está em contacto com a relva, com as pedrinhas do chão ou a areia da praia, integrando essa experiência através da pele. É importante crescer com a oportunidade de subir árvores e cair, rebolar no chão e lutar na brincadeira.”

Mas as oportunidades para que este contacto se dê são cada vez menores. As razões conhecem-se e passam pela insegurança das ruas ou inexistência de locais apropriados perto de casa.

Tatiana Perrone Dolores conhece de cor estes fatores, mas também observa “um aumento da cultura do não e do medo, que está a ser instalada na nossa sociedade. As crianças são impedidas de brincar por causa do receio que caiam e isso não é bom”.

Como consequência, constata que os mais novos estão a desaprender de brincar: “Já não sabem jogar em equipa. Percebo isso nas minhas aulas de dança criativa quando, no início, os convido a brincar livremente. Noto que não sabem brincar, porque não têm essa experiência. Os intervalos da escola são muito curtos e nem todos os pais estimulam as brincadeiras com os filhos ao ar livre nos fins de semana, por exemplo.”

Brincar ao faz-de-conta

Para a também professora do ensino básico, “as brincadeiras livres são fundamentais, pois é quando as crianças podem exercitar o faz-de-conta e a troca de papéis que aprendem a colocar-se no lugar do outro. “É nesses momentos que põem cá para fora as suas emoções e conflitos, aprendendo a gerir eles próprios as situações. Mas como estão a deixar de brincar, começam a reprimir essas emoções que nem sabem que estão lá dentro”, adverte.

Além de conterem emoções, reprimem também o movimento, com todas as consequências que isso acarreta. Tatiana Perrone Dolores explica que “todas as crianças, principalmente as mais pequenas, apresentam um pico de energia próprio do crescimento e têm de o libertar”. Ou seja, “têm uma hiperatividade que nem sempre é doença, na maioria dos casos é perfeitamente normal, aliás, todas as crianças são hiperativas por natureza e é ótimo que sejam.” E brincar ao ar livre ajuda na libertação dessa energia extra que concentram nestas idades.

Combater a rigidez imposta pelos tempos que vivemos é outra das vantagens que a professora encontra na brincadeira. Por essa razão, nas suas aulas de desenvolvimento infantil e juvenil usa técnicas como oteatro da espontaneidade, por exemplo. O objetivo, diz, “é estimular a criatividade livre da criança, porque hoje é tudo muito rígido. Mesmo quando são jogos ao ar livre, normalmente são jogos com estruturas muito marcadas e regras bem definidas, isto é, a criança não consegue estipular as suas próprias regras e é maravilhoso quando isso acontece”, reflete.

Ainda assim, reconhece os benefícios das regras. “Têm de existir para que haja ordem e para que a criança saiba até onde pode ir, reconhecendo os perigos”, afirma, lamentando o outro lado da moeda a que também se assiste atualmente, isto é, “crianças educadas sem qualquer regra ou limite”.

Falta de tempo

Um outro aspeto crucial que determina a redução das brincadeiras é afalta de tempo dos mais novos. Vários especialistas dedicados ao acompanhamento da infância têm vindo a alertar para o elevado número de horas que os mais novos passam na escola e nas diversas atividades extracurriculares sem que lhes sobre tempo para brincar ou estar com os amigos. Para Tatiana Perrone Dolores, esta situação que se vive “é um absurdo, uma verdadeira loucura, as pessoas não têm noção do que isso pode causar na sociedade futura.”

Da forma como a escola e as atividades das crianças estão organizadas, os mais pequenos acabam por estar muito centrados, sobretudo, em desenvolver aptidões de raciocínio e de competição, deixando de lado a parte emocional. “Se a pessoa não conseguir identificar as suas próprias emoções, não vai conseguir identificar a emoção do outro e isso pode dar origem a psicopatologias graves. Claro que uma situação familiar regular vai ajudar a que as crianças exteriorizem essas emoções, mas quando não têm isso em casa nem na escola e já apresentam uma predisposição, a situação pode complicar-se”, avisa.

Receita para crianças felizes

Para que as crianças cresçam felizes, Tatiana Perrone Dolores não tem dúvidas que parte importante da receita passa mesmo pela brincadeira. Se não puder ser ao ar livre, então que seja em casa, mas onde o faz-de-conta possa entrar.

A psicomotricista recomenda também o envolvimento dos pais nas diversões e de outras crianças: “Se não houver irmãos, convidem outros amigos lá para casa. O importante é que brinquem com pares.”

Na sua perspetiva, “as crianças um pouco mais reprimidas podem vir a ser deprimidas. E nós vemos isso por nós mesmos, quando começamos a reprimir as emoções”. Por isso, o ideal é mesmo que brinquemos a vida toda ou, pelo menos, no tempo em que é suposto fazê-lo: na infância.

Este artigo foi desenvolvido ao abrigo da parceria entre o Observador e a SKIP.

Uau! Nota máxima pela inscrição!

Obrigado por fazer parte do movimento, estamos ansiosos para saber o que vai fazer durante esse dia! Partilha com os seus colegas e amigos para nos ajudar a fazer com que todas as crianças possam sair mais vezes para aprender e brincar 🙂

Uau! Nota máxima pela inscrição!

Obrigado por fazer parte do movimento, estamos ansiosos para saber o que vai fazer durante esse dia! Partilha com os seus colegas e amigos para nos ajudar a fazer com que todas as crianças possam sair mais vezes para aprender e brincar 🙂

Obrigado por apoiar o Dia de Aulas ao ar Livre!

Obrigado por se juntar ao movimento, não podemos esperar para ver o que você comete no dia! Compartilhe isso com seus colegas e amigos para nos ajudar a tornar possível a cada criança sair ao ar livre para aprender e brincar todos os dias Confira as guias de recursos para idéias para o dia – e faça a aprendizagem e faça parte de todos os dias!”

Obrigado por apoiar o Dia de Aulas ao ar Livre!

OBRIGADO POR APOIAR DIA DE AULAS AO AR LIVRE!

Nós vamos enviar-lhe um boletim em breve. O tempo para jogar é fundamental para cada criança – compartilhe seus momentos conosco marcando #DiadeAulasaoarLivre e faça todos os dias um dia para aprender e jogar ao ar livre!